Por que as pessoas estão deixando as organizações? É pelo salário, pelos benefícios, pela cultura? Como engajar profissionais e reter talentos?
Uma onda de pedidos de demissão pós-pandemia da Covid-19 mostra que a relação das pessoas com o trabalho mudou. É o Great Resignation (Big Quit ou Great Reshuffle), que pode ser traduzido como a Grande Debandada ou a Grande Renúncia. Só nos EUA, milhões de profissionais deixaram seus empregos de forma voluntária sem ter outro trabalho engatilhado. Na China, o movimento ganhou o nome de Tangping, algo como “Fique deitado”, para aqueles que preferem não trabalhar, nem estudar e nem se casar.
O fenômeno começou no fim de 2020 e vem se espalhando, e, claro, o Brasil não escapou dessa onda. Foram mais de 500 mil demissões voluntárias em fevereiro/22. A revista VC S/A (edição: fev./22) explica as razões que levam uma pessoa a se demitir: busca por um salário melhor, mudar-se para um ambiente de trabalho mais saudável e dar um upgrade na qualidade de vida.
TREINAMENTO COMO FATOR DE ACELERAÇÃO DA MOBILIDADE INTERNA
Nesse cenário de grandes transformações, ocorreu em maio o Congresso da ATD (Association for Talent Development), que discutiu as tendências de desenvolvimento humano e as novas tecnologias para a aprendizagem corporativa. Negócios com propósito, para tornar melhor a vida dos outros, e foco no desenvolvimento das pessoas, foram duas das principais conclusões extraídas do evento.
– Empresas com propósito têm funcionários mais engajados. No novo mundo do trabalho, o sentido pessoal de propósito e significado é um forte fator de engajamento.
– É preciso investir no desenvolvimento das pessoas, com lideranças que estimulem o aprendizado de suas equipes e foquem em treinamentos baseados em problemas reais, facilitando a mobilidade interna.
Para usar um termo moderno, o desenvolvimento de habilidades e a atualização delas se constitui no principal diferencial competitivo das empresas e dos seus empregados, que encaram essa bagagem como seu capital profissional, com a vantagem de terem controle sobre a portabilidade do conhecimento.
O QUE ESTÁ POR VIR?
As empresas terão dificuldade em atender suas demandas por novas habilidades e competências apenas por meio de recrutamento externo. Isso torna ainda mais importante olhar para dentro da própria empresa. Quais habilidades já estão disponíveis na empresa? Onde estão os talentos ocultos adormecidos? Quais temas os funcionários querem aprender mais? Onde podem atuar e agregar valor à empresa?
Esse diagnóstico é o primeiro passo para aumentar cada vez mais a mobilidade interna de talentos. Pesquisas têm mostrado reiteradamente que os funcionários estão ansiosos para se desenvolver ainda mais. Aliás, para muitas dessas pessoas o treinamento —que possibilita o crescimento— é um pré-requisito para permanecer na empresa. Em 2022, a requalificação é uma estratégia importante para manter os profissionais engajados e ampliar a retenção dos talentos.
Uma organização é tão boa quanto as pessoas que emprega. O treinamento como ferramenta de gestão valoriza as pessoas e os negócios.
Claudio Manassero
Presidente da TecTrain